domingo, 24 de janeiro de 2010

Sobre Florbela Espanca, Sobre Mim.

Nos idos de 1930 a poetisa Florbela Espanca, em carta a Guido Battelli, parecia prever que em 1982 nasceria alguém exatamente assim:

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê."

"Grave e metódica até à mania, atenta a todas as sutilezas dum raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser uma espécie de D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa! Toda, enfim, nesta frase a propósito de Delteil: "Très simple avec son enthousiasme à sa droite et son désespoir à sa gauche."."

(Florbela Espanca)

Quando o assunto é me descrever, não mudo uma vírgula. E neste dar de "mim mesma", não consigo decifrar se isso é bom ou ruim.

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