quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ser sensível às vezes cansa.

Nada de coisa alguma, nada de nada, cara de nada, cara mais normal do mundo. Mas no fundo, no fundo... as coisas não iam como ela gostaria, seus desejos estavam suspensos. A vida nem sempre é tão rosa, ou azul-bebê quanto ela gostaria. Os bichinhos de pelúcia têm a tendência de ficarem sujinhos, empoeirados.

Às 14 horas daquele dia o telefone não tocara como de costume. Mas a vida continuava a seguir seu curso normal, às 16 horas parou para o lanche. Às 18:30 foi encontrar com um amigo com que costumava ir para casa, contando sobre o dia, conforme as estações do metrô iam passando. Às 18:53 se despediram e ela passou no mercadinho pra comprar o queijo, estava certa que iria fazer aquela lasanha de berinjela para o jantar. Chegou em casa, ficou na cozinha por um pouco mais de 20 minutos e foi tomar banho. Jantou. Viu seus e-mails. Parou pra pensar na roupa que colocaria no dia seguinte. E foi nesse momento, neste exato momento, que ela pensou: Ser sensível às vezes cansa.

No fundo, no fundo... às 14 horas daquele dia o telefone não tocara como de costume.

Acordou às 6 da manhã e não vestiu aquela roupa.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Boneca feita de poesia.

Ela e Ele se encontram no píer após alguma semanas:

Ela: Depois daquilo tudo eu decidi que não vou complicar mais nada.

Ele: Muito bom, complicar pra que? Ou as coisas são ou não são!

Ela: É? Engraçado falar nisso! Porque durante muito tempo nós éramos tudo e nada ao mesmo tempo! Mas agora não somos nada. E como você mesmo disse, se rolar alguma coisa vai ser apenas transa!

Ele: Não seria apenas uma transa! Mas não seria um casamento. Faríamos amor! E isso não é uma transa. Eu queria você, e tive, apenas não fizemos sexo! Tive seu cheiro, sua pele, seu calor.

Ela: Às vezes eu acho que "nós" merecemos ser felizes por alguns momentos, outras eu acho que isso não é possível.

Ele: Todos merecem momentos de felicidade .

Ela: Você não me entendeu...

Ela: Entendi, você falou de nós dois, certo?

Ela: Sim, então... é isso o que eu tenho a dizer!

Ele: Concordo com você! Mas e aí?

Ela: Aí nada! É isso! Não espero nada de lado nenhum... ou melhor, recebo bem tudo o que vier, tudo o que não me ferir.

Ele: Mas isso é novo, né?

Ela para, olha pro lados, sorri: Sim. Acredito que foi um conjunto de coisas que me aconteceram nessas últimas semana.

Ele: Mas isso também tem suas conseqüências, cuidado.

Ela: Tudo na vida tem conseqüências!

Ele: Eu sei! Só falei porque conheço bem essa filosofia de vida!

Ela: Sofri por me entregar... sofri por não me entregar, fui feliz por me entregar, fui feliz por não me entregar. Eu não serei assim, como você pensa... do jeito que você vive, ou sei lá o que. Apenas tentarei não me importar tanto.

Ele: Parabéns!

Ela: Não sei se mereço parabéns por isso. Mas todas essas coisas serão assim amanhã, até lá serei eu, a partir de lá, não serei mais eu, pois eu sei que eu nunca seria assim, então me tornarei alguma desconhecida nesse corpo aqui.

Ele: Complicando...

Ela: Descomplicando... Me pondo no armário justamente pra não mais complicar! Talvez um dia eu encontre alguém que me tire de lá, mas eu rezo pra depois disso não ter mais porque voltar. E enquanto isso, vou seguindo com essa desconhecida que me habitará.

Ele: Nossa, melancolia artística hein. Um artista sem amarguras não tem inspiração!

Ela: Melancolia não, apenas fatos. Isso aqui é a vida real e nada mais! Confia?

Ele: Em quem?

Ela: Nela?

Ele: Na Vida?

Ela: Na moça.

Ele: Acredito que sim!

Ela: Q bom! Não duvide! O tempo me valeu para meu diabo se aquietar!

Ele: Está cada vez mais difícil te entender, mas tudo bem!

Ela sorri: Eu ia explicar... mas ia só repetir tudo o que já disse. Resumindo: não quero mais sofrer, nem pensar no amanhã, apenas viver, um dia de cada vez.

Ele: Assim é mais fácil !!

Ela: Menos poético... posso colocar tudo que é meu nesse armário, menos a minha poesia, essa levarei gravada no meu corpo, sempre. Nem que sejam as palavras mais efêmeras, mas sempre terei poesia.

Ele: Que bonito meu amor! Assim que gosto de te ver!

Ela: Mas verá apenas isso e mais nada do que você conheceu. E por favor, Não me chame mais assim.

Ele: Pronto começou! Vou embora! Começou o drama!

Ela: Faz o favor de não achar que eu tô fazendo drama... tá? Fique tranqüilo que ficarei bem, de coração, de verdade! Eu tô ficando ótima! Acho que até amanhã estarei pronta... os moldes ficaram ótimos, fiz algumas provas já! Tá ficando tudo bem... poesia... gestos, palavras, braços e pernas!

Ele: Uma nova mulher?

Ela: É só dessa poesia que nunca conseguirei me livrar!

E assim ficaram acertados.