domingo, 21 de novembro de 2010

Imagem apenas, nada mais



O difícil é dizer onde estamos
O difícil é responder às questões...
Pode ser que sejamos apenas almas fadadas ao encontro
Pode ser que sejamos apenas corpos que se atraem
Pode ser que sejamos apenas mentes filosofando sobre o presente
E pode ser que sejamos imagem apenas... nada mais...

(Escrito há muito tempo)

Foto por Guilherme Borin de uma ActionSampler


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Setembro/Outubro

Sou uma pessoa das artes, é verdade que tenho lutado pra sair desta profissão. Mas por enquanto, sou uma pessoa das artes.

Já faz tempo que meus trabalhos, todos em conjunto, ainda não cheguei ao ponto de nada autoral (e acho que sairei fora das artes antes disso); andam estampando as ruas da cidade do Rio de Janeiro.

Agora chegou a vez do Festival do Rio.

Praqueles que são do Rio ele já é figurinha conhecida de todo setembro/outubro, pros amantes de cinema de outras cidades também, pros internacionais antenados é sempre a hora de visitar a cidade maravilhosa!

E assim chega mais uma edição do Festival do Rio. E esse ano eu trabalhei na programação dele! Ó que bonito:

terça-feira, 15 de junho de 2010

Vegetarianismo em questão

Tinha sugerido à minha vontade, essa safadinha que às vezes me apronta de escrever no blog, que fosse embora e não voltasse mais. Mas hoje recebi um e-mail bastante interessante, que eu achei que seria legal de compartilhar aqui, principalmente com aquelas pessoas que não aceitam meu vegetarianismo.

Não pretendo converter ninguém, aliás, nunca gostei daquelas pessoas que tentam convencer os outros, seja lá pro que for.

São algumas frases de grandes mentes (na verdade não posso garantir a autoria de tais frases, mas sendo ou não delas, são ótimas frases):


“Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará as chances de sobrevivência da vida na terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana. A ordem de vida vegetariana, por seus efeitos físicos, influenciará o temperamento dos homens de uma tal maneira que melhorará em muito o destino da humanidade.”Albert Einstein

“Você precisa ser a mudança que você quer ver no mundo.” Gandhi

“Em meu pensamento, a vida de um cordeiro não é menos importante que a vida de um ser humano.” Gandhi

“A carne é o alimento de certos animais. Todavia, nem todos, pois os cavalos, os bois e os elefantes se alimentam de ervas. Só os que têm índole bravia e feroz, os tigres, os leões etc. podem saciar-se em sangue. Que horror é engordar um corpo com outro corpo, viver da morte de seres vivos .” Pitágoras

No e-mail tem outras tantas. Quis ser mais leve, por isso postei só algumas, mas quem quiser, pode me pedir o e-mail que eu passo com o maior prazer.


E lembre-se: quando eu digo que sou vegetariana, não me venham com piadinhas, pois já escutei todas umas cem vezes, e não, elas não tem graça. (essa frase é meio plagiada, meio minha. rs)


terça-feira, 11 de maio de 2010

A sociedade e sua droga de pensamento cartesiano exigem um sentido para tudo!


Por isso Srta. Náshara:




Não fale
Ne parle pas
Don't talk








Não ouça
Ne écoute pas
Don't listen






Não escreva
Ne écris pas 
Don't write

domingo, 9 de maio de 2010

Já.

Já toquei uma música no piano e hoje não sei nem as notas
Já comecei a escrever um livro que nunca terminei
Já fiz planos de casamento e não o amo mais
Já decidi fazer uma faculdade que nunca comecei
Já tive ciúmes da menina que nunca vi
Já usei roupas que hoje detesto
Já colei na prova da matéria que hoje sou especialista
Já pintei o cabelo de uma cor que eu não gosto
Já pintei o cabelo e hoje não pinto mais
Já derramei lágrimas ouvindo uma música que não gosto mais
Faço muitas coisas que não sei se farei daqui a um ano
Mas me acho tão genuína nas minhas escolhas
E tão certa delas
Que se eu aprender a tocar uma música, ou começar a escrever um livro,
Estarei fazendo pela primeira vez.

sábado, 1 de maio de 2010

A incoerência de um sábado.

Aquilo que arde, o desespero
Aquilo que cura, mesmo que só a alma
Água
Paz espiritual
Medicina dos homens
A voz dele, a voz do melhor amigo, a voz do pai
Água
Comida da mãe é sempre um santo remédio
A paz, um filme na TV, um cochilo
Água
Antibiótico não é uma coisa boa, definitivamente.
Esmalte rosa, está na moda, vou me arriscar a usar
A imagem daquele que se ama
O conforto de poder ver, mesmo que de longe
Água
Se arruma, vê se está bom, procura um sapato
Festa, gente querida, gente bonita, gente
Nem sempre é bom ser coerente, já pensaram nisso?
Água
A noite, a espera.
Coturno, está na moda, vou me arriscar a usar
Uma música ruim que toca
Casaco de couro está na moda, mas isso eu não quero usar.
Sono.
Ih! Esqueci de beber água.

terça-feira, 20 de abril de 2010

20 de abril

Uma noite, faz alguns meses já, fui acompanhada de vários amigos e irmão, a um show d’O Teatro Mágico. A noite era anterior a um dos dias mais esperados dos últimos meses. Durante o show, algumas vezes eu gritei, evocando aquilo que aconteceria na noite do dia seguinte. Cantava e gritava, sorrindo, gargalhando por estar tão próxima de um momento que, eu tinha certeza, seria lembrado para o resto da minha vida. De alguma forma, este dia seria decisivo na minha vida. E poderia mudar meu futuro. Mas o que mais importava naquele dia, mais do que o acontecimento, seria a pessoa, e aquele dia certamente teria o nome dela. Mas além daquele dia, que pra mim será sempre marcado pelo nome desta pessoa, existe um dia, que marca para todos que a conhecem, como sendo o dia dela, e esse dia é hoje. Por isso, me sinto no direito que gritar para todos mais uma vez:

Gborindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaayyyyyyy!!!!!!!!!!

Hoje, para todo o mundo, é dia dessa pessoa, embora, para mim, todos os dias do ano sejam. Em especial o dia 20 de abril e o dia anterior aquele d’O Teatro Mágico na Fundição Progresso.

Gborindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaayyyyyyyyyyyyyyy!!!!!!!!!!!

Dia 20 de abril – aniversário desse serzinho maravilhoso que mudou a minha vida e, se depender de mim, sempre continuará nela!



Parabéns para ele!

sábado, 17 de abril de 2010

O Momento Certo.

Já faz tempo, mas ainda consigo me lembrar do tempo em que eu não tinha preocupações de adulto. Do tempo em que o que eu precisava para ser feliz era tirar boas notas no colégio e ir ver um bom filme no cinema no fim de semana. Do tempo em que as pessoas mais próximas da minha família ainda eram novas e não estavam internadas em hospitais, com dias contados para morrer. Ainda me lembro de não ser questionada o tempo todo sobre o meu salário, de não exigirem que eu utilizasse meus conhecimentos para ganhar dinheiro, e quando as pessoas não me perguntavam quanto tempo faltava pra eu me casar.

Me lembro de não ter que administrar brigas de família, de não precisar falar grosso com meus pais, pois eles é que falavam grosso comigo. Ainda lembro de não poder opinar nas coisas que não aconteciam. E posso dizer que preferia assim.

Mas as coisas mudam. A vida continua e, querendo nós, ou não, amadurecemos. Somos invadidos por preocupações, noites em claro pensando no futuro, e passamos, nós mesmo, a nos questionar por que não ganhamos dinheiro suficiente para comprar um apartamento. As pessoas mais velhas próximas a nós começam a morrer, nossos amigos começam a casar, ter filhos, viramos tios, tias. Nós mesmos começamos a pensar em casar. Começamos a dar broncas nos nossos próprios pais e nos damos conta, no final, que não somos muito diferente deles.



Mesmo lembrando disso tudo e analisando a vida adulta, não consigo decidir em que época é melhor viver. Conheço pessoas, aquelas saudosistas, que me diriam que a infância é o melhor da vida. Outros diriam que "o agora" é o melhor momento. Mas eu? Eu gostaria de ser adulta, mas que todas as pessoas parassem de envelhecer aos cinquenta, que vivêssemos num país em que dinheiro fosse a coisa menos importante, que todos encontrassem o amor da sua vida e que pudessem viver o resto da vida em plena tranquilidade,  que todos os talentos das pessoas fossem aproveitados e que a arte fosse uma das coisas mais importantes do mundo. É nesse momento da vida que eu quero viver.

*Foto de Gustavo Nasr, do filme em curta metragem "Embora", atriz: eu 

terça-feira, 6 de abril de 2010

Fahrenheit 451

Estou lendo "Fahrenheit 451" (1953) de Ray Bradbury e gostaria de compartilhar com vocês uma passagem do livro, que eu acho que diz muito sobre o momento por que passamos. O que me parece é que esses autores de ficção científica do meio do século passado estão mais para videntes do que qualquer outra coisa. Vide George Orwell e seu 1984.

"Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com "fatos" que elas se sintam empanzinadas, mas absolutamente "brilhantes" quanto a informações. Assim, elas imaginarão que estão pensando, terão a sensação de movimento sem sair do lugar. E ficarão felizes, porque fatos dessa ordem não mudam. Não as coloque em terreno movediço, como filosofia ou sociologia, com que comparar suas experiências. Aí reside a melancolia. Todo homem capaz de desmontar um telão de tevê e montá-lo novamente, e a maioria consegue, hoje em dia está mais feliz do que qualquer homem que tenta usar a régua de cálculo, medir e comparar o universo, que simplesmente não será medido ou comparado sem que o homem se sinta bestial e solitário."



BRADBURY Ray. Fahrenheit 451: a temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima; trad. Cid Knipel São Paulo Globo, 2003 (p.87)

domingo, 4 de abril de 2010

“Retrato em preto e branco”

Já repararam que cada um conta o tempo de uma forma diferente? Tenho amigos que são capazes de dizer: o ano era 1998 pois eu ouvia tal música no meu walkman. Outros dizem, devia ser por volta de 2003 pois eu estava terminando a faculdade de arquitetura. Eu conto assim: devia ser em 1998 por que eu estava começando o meu primeiro namoro, ou: não! Era 2005 porque eu tinha acabado de terminar com fulano. Sim, muito do que me faz saber as datas são os meus relacionamentos, não que eu tenha tido muitos. No auge dos meus 27 anos estou no quarto namoro, e espero que último. Sou bastante namoradeira, mas não de namorar muitos e sim de namorar por muito tempo. Algumas pessoas, aquelas metidas a psicólogas, dizem que é por eu ter carência de um pai presente (não! meu pai é presente sim, mas meus pais se separam quando eu era nova e hoje eu sei que foi bastante traumatizante pra mim) que eu sou tão ligada aos meus relacionamentos. Algumas outras pessoas costumam dizer que eu entro tão de cabeça que, se eu namoro um ator, faço teatro; se namoro em estudante de antropologia me matriculo no curso, mas não, fiz teatro, por isso conheci um ator; fui estudar ciências sociais, daí conheci um estudante da mesma área. Os meus relacionamentos ficam tão misturados com aquilo que eu estou fazendo no momento que tudo parece uma coisa só. Por isso eu conto o tempo desta maneira. O que veio antes do meu primeiro beijo fica meio perdido entre os anos de 1982 e 1994.

sexta-feira, 26 de março de 2010

É que saiu assim, meio sem querer...

Chega de cataclismos!!! O ser humano clama por uma droga de resgate, por uma droga de um perdão! Vocês acham o que? Que ninguém é responsável por isso? Passo os dias pensando que cada um aqui plantou exatamente o que colhe, mas ao mesmo tempo penso que eu estou a colher o que outro alguém plantou num passado tão distante quanto desconhecido. E agora vem com essa de querer salvar o mundo! Não se trata de salvar o mundo, o que foi feito demorará milênios, talvez, para ser recuperado, o que precisamos fazer é deixar que as coisas não piorem cada vez mais. E quando digo isso não falo só de crimes ambientais, da matança de animais... Falo do respeito! Mas que droga que estão fazendo vocês aqui neste mundo se nem "bom dia" são mais capazes de dar quando encontram alguém no elevador? Que droga vocês estão fazendo aqui se esqueceram da palavra vital "obrigado" ?

"Matar para comer é o princípio da brutalidade." Barroco Tropical (José Eduardo Agualusa)


sábado, 13 de março de 2010

Eu sou a mesma, mas diferente!


Sim, há tempos Ela estava desaparecida. Não que fosse difícil aparecer para os amigos e dizer “oi!”. O difícil era realizar que muitos daqueles amigos já não eram mais os mesmo. Ou será que ela que não era mais a mesma? E por que Ela? Por que ela tinha que ter percebido isso, e não qualquer um dos outros?

Sim! Quem não já passou por isso na vida? Eu mesma estou aqui a escrever essas linhas e pensar: mas caramba! Tem gente que muda mesmo... não, na verdade todo mundo muda. Tudomudaotempotodo. Esse era meu mote há uns três anos. E não é que agora eu percebo que eu mudei e aqueles amigos mudaram também. E o que fazer pra dizer a eles que sim!, seremos sempre amigos, mas o que mudou em mim fez com que a proximidade agora seja outra, seja diferente. E não! Eu sou a mesma, mas estou diferente! É coisa difícil isso.

O medo de magoar! De ser rude! Talvez seja melhor fazer como Ela que está sumida sim!, mas não pelo fato de não gostar mais deles, mas pelo fato de não saber como dizer: eu sou a mesma, mas diferente!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ela e Ele

Mais de uma vez ela quis parar um desconhecido na rua e pedir que ele a beliscasse. as coisas iam tão bem que ela temia ser um sonho, ou temia que de uma hora pra outra tudo de transformasse num terrível pesadelo.

Ela só não dizia que as coisas estavam perfeitas porque enquanto ela morava na cidade, ele passava os dias de trabalho encerrado numa cidade do interior com cara de Western Spaghetti.

Mas nos fins de semana era perfeito, enquanto ela enchia seu pão com bastante requeijão, para ele era suficiente sujar o pão com um pouquinho de requeijão. Ela fazia o mate todas as sextas com medo de que as três jarras não fossem suficientes para a sede dele.

Os amigos dela sempre perguntavam por ele, e quando ele estava na cidade sempre o convidavam para todo tipo de programa, mas o que ela sempre queria era ficar sozinha com ele o máximo possível.

Durante a semana, as várias músicas que a faziam lembrar dele, serviam para que ela o sentisse mais perto. Mas o que ela queria mesmo era poder participar da rotina dele, estar lá todas as manhãs para dar Bom Dia!, saber que ele pegou aquele resfriado porque voltou do trabalho com as roupas molhadas por causa da chuva que não parou de cair um segundo, poder contar para ele todos os dias como foi seu dia, enquanto ela tira a roupa para entrar no chuveiro...

Era assim, ela passava a semana sonhando e rezando para não estar sonhando.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

"Sister, you've been on my mind"

O que seria de mim sem as folhas que caem das árvores? Porque meu esporte favorito é pisar em folhas secas, adoro ouvir aquele barulinho que elas fazem, sem falar na sensação gostosa nos pés, e isso vem de antes de eu conhecer aquela música que a Elis canta: "quando eu piso em folhas secas..."



Porque desde muito nova eu fui instruída, por mais alguém além da minha mãe, a ouvir músicas de qualidade. Aos 5 anos ouvia Tom Jobim, essa é minha primeira lembrança. Aos 6 anos de idade a música que eu mais gostava de ouvir era: "Você precisa saber da piscina, da margarina, da Carolina, da gasolina...". Aos 7 fiquei apaixonada por Milton Nascimento, ouvia sem parar uma música tal que hoje faço força pra me lembrar mas não me vem à cabeça. Aos 9 , acredito eu, achei no meio dos LP's da minha mãe o disco "Construção" de Chico Buarque, "Cotidiano" e "Samba de Orly" não saiam da minha cabeça. Mais tarde, numa aula de português, a professora daria a letra de "Construção" para exemplo de não me lembro o que e eu fingiria não conhecer para não assustar os meus coleguinhas. Aos 10 anos, acho que resolvi me rebelar e comecei a ouvir coisas estrangeiras, ouvia Guns and Roses e Tori Amos. E aprendi a ouvir Jazz. Enquanto meus amigos viam Chaves e Carrosel na TV, eu passava as horas livres tentando decorar as letras das músicas em inglês.

Enquanto Cirilo fazia de tudo para ser notado por Maria Joaquina, eu fazia de tudo para entender por que quando eu vi "A Cor Púrpura" de Steven Spielberg, a trilha sonora não saia da minha cabeça, e eu e minha mãe ficamos chorando no sofá. Só anos depois consegui baixar a trilha pela internet e chorei, chorei, chorei...




Tudo isso pra dizer que eu gosto mesmo é de pisar em folhas secas, e que minha escola é a Vila Isabel!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Das amarras que ela não tem mais

Sugeriu que seu pai tomasse um chá de camomila, sentou-se pacientemente ao lado da mãe para ouvir seus conselhos diários. Mas hoje era diferente, ela estava saindo sem saber quando voltaria, estava indo morar em outro Estado. Não que a vida a tenha mandado para lá, ela mesmo se encarregou disso. Precisava de outros ares. Por quê? Porque ela queria, simplesmente isso.

Prometeu para a mãe que ligaria todos os dias antes do Jornal Nacional, que era a hora em que chegaria do trabalho. Trabalho esse que ela não sabia como seria, mas estava disposta a estar disposta. Dos amigos, não deixaria nenhum, levaria todos no coração, e lá, na cidade que seria sua, esperava conhecer novas pessoas, travar novas amizades. Não sabia bem porque, mas estava confiante. Deixar a casa dos pais, mudar para um lugar onde não conhecia ninguém, tudo isso deixava sua cabeça a mil por hora. O futuro era incerto, mas ela estava decidida a encará-lo de frente, como uma criança que se joga pela primeira vez na água.

Pegou sua mala, deu uma última olhada em seu quarto. Clichê de filme, ela pensou. Mas e daí? Era exatamente assim que ela se sentia, dentro de um daqueles filmes do Woody Allen que começam com um jazz com som sujo de vitrola antiga. Sabia que estaria longe e que seria difícil ouvir aquele som que só tocava ali dentro. Fechou a porta decidida a não olhar para trás, estava deixando a casa de seus pais pela primeira vez. Todas as decisões agora seriam só dela. O som que ouviria agora era algo ainda a ser inventado. Novidades, era tudo o que ela sabia.

O pai mudo, a mãe tentando esconder a tristeza de ficar longe dela. Isso era tudo o que ela via. Já no aeroporto ela pensou: 45 minutos que dividirão o que fui do que serei. E assim ela partiu, deixando aquele som agridoce de casa dos pais, se aproximando a cada minuto do que seria ela afinal.

*Este texto foi escrito
no celular, numa tarde ensolarada no Rio de Janeiro, dentro de um ônibus lotado.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sobre Florbela Espanca, Sobre Mim.

Nos idos de 1930 a poetisa Florbela Espanca, em carta a Guido Battelli, parecia prever que em 1982 nasceria alguém exatamente assim:

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê."

"Grave e metódica até à mania, atenta a todas as sutilezas dum raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser uma espécie de D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa! Toda, enfim, nesta frase a propósito de Delteil: "Très simple avec son enthousiasme à sa droite et son désespoir à sa gauche."."

(Florbela Espanca)

Quando o assunto é me descrever, não mudo uma vírgula. E neste dar de "mim mesma", não consigo decifrar se isso é bom ou ruim.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

E agora Srta. Náshara?

Nos últimos meses ela não teve tempo pra brincadeira. Foram meses escrevendo uma monografia, logo em seguida um trabalho que ocupava 9 horas do seu precioso dia. Mas esse trabalho de 9 horas diárias acabou, e ela sabia que seria assim. Mas e agora? O que fazer quando já faz quase um ano que ela não sabe o que é ter férias? E quem disse que ela quer férias?

Quando ela desceu no aeroporto no último dia 17 ela sabia que nos próximos dias a vida dela estaria vazia. Os compromissos teriam que ser inventados para ela ocupar os dias. Quando não se tem o que fazer efetivamente, o pensando se refugia em dois extremos, naquilo que mais nos assusta ou naquilo que mais nos faz feliz. Ela confessa que o pensamento dela vive em trânsito entre esses dois pontos. E ela fica louca. No que mais a assusta ela quer fugir, pensa em mil maneiras de evitar aquilo que ela mesmo nem sabe se realmente vai acontecer, e no que a faz feliz e ela tem medo de que vire uma obsessão, obsessão? ok! palavra pesada, mas seria alguma coisa um pouco só mais branda do que isso, mas não acho a palavra. Então ela fica entre o namorado que mora longe e que ela ama intensamente e entre o "putz! acho que fiz uma faculdade inútil e nunca vou conseguir um emprego que me deixe confortável na vida".

No meio tempo entre um pensamento e outro ela tenta ocupar os dias com malhação, e sim! ela está fazendo um plano de estudos pro mestrado que ela nem sabe quando será a prova porque o site do tal curso anda muito esquisito.

Mas quem disse que ela só faz isso? Apesar do vazio ela ainda ocupa o tempo com alguma coisa intangível que ela tem fé que vá ser uma experiência enriquecedora. O que ela pensa neste momento é que ela não tem nada pra fazer mas tem muito o que aprender, então... vamos a luta!

Sim, iremos à luta, mas ela anda assustada como um cãozinho que acabou de se perder da mãe e não sabe que caminho tomar.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Das coisas que vi, das coisas que fiz.

Mais um ano se passou... um ano, passou tão rápido e ao mesmo tempo demorou uma eternidade. Nem parece que no ano que sofri horrores, me descabelei, me perguntei inúmeras vezes "o que eu fiz?", foi o mesmo ano em que encontrei consolo, amor, carinho e amizade de uma pessoa tão especial. Mas parece que foi no mês passado que eu mais 3 amigos nos juntamos para uma virada de ano sem expectativas num recanto do Rio de Janeiro e acabamos nos divertindo tanto que a barriga não parou de doer. E num é que parece mesmo que no mesmo mês, nós quatro, somados a mais quatro, mais dois intrusos queridos, e muito bem vindos, nos juntamos pra ver fogos na praia de Copacabana?

O que é que nós, pobres seres mortais, podemos saber sobre o tempo? Nada! Definitivamente nada! Um ano? Quanto tempo tem? E pensando aqui, foi em 2009 mesmo que entreguei minha monografia, fiquei horas, muitas horas, lendo, pesquisando, escrevendo, relendo, reescrevendo, suando de nervoso e perturbando meu orientador com as mais esdrúxulas perguntas. Pois é, 2009 foi um ano bem movimentado. Algumas perdas irreparáveis, algumas confusões necessárias, mais um grupo de africanos que vai ficar no meu coração pra sempre, amizades fortalecidas, novas amizades, o amor definitivo, um novo, porém provisório, trabalho e os livros, muito livros.

2009 foi embora, demorou muito e não durou nada.